O destino de Pã
Pelos caminhos sombrios da floresta, muito longe dos esplendorosos raios de luz do sol, a ninfa Dríope deu à luz uma criança tão feia e monstruosa que igual nunca antes se vira.
Tinha, na cabeça, grandes chifres e as pernas assemelhavam-se às de um bode. O corpo era todo coberto por pêlos grossos e negros.
Dríope assim que o viu, encheu-se de pavor e abandonou o filho à própria sorte na floreta.
Dias depois, o pai, Hermes, o encontrou e o colocou sob sua guarda no Olimpo. E, recolhendo a criança, levou-a para compartilhar a companhia dos deuses.
Um grande susto todos tomaram quando olharam para aquele estranho ser. A princípio, o pequeno deus não foi tão bem recebido como Hermes esperava.
Mas, conforme os dias iam passando, a estranha criança revelavas um raro e precioso Dom: o de fazer rir.
"Que jovem mais festeiro! Canta, dança, conta piadas. Faz de tudo um pouco! Graças a ele, estamos sempre bem-humorados!" - dizia Zeus, em certa ocasião.
E, por esse motivo, resolveram chamá-lo de Pã que, em grego, quer dizer "tudo". Às vezes, Pan desaparecia do Olimpo e ia para as matas e montanhas divertir seus amigos. Correr atrás das belas ninfas era seu passatempo predileto, principalmente esperava encontrar, entre elas, um grande amor.
Porém havia uma bela ninfa que não gostava das brincadeiras de Pã. Sempre que podia, ficava bem longe dele. Acontece que foi justamente por ela que o deus enlouqueceu de paixão.
"Casa-te comigo, Siringe, e serás a mulher mais alegre deste mundo! É só o que lhe peço." - implorava de joelhos.
"Só!!? E achas pouco casar com um monstro?" - respondeu agressiva.
Pela primeira vez, Pã se irritou com a grosseria da moça.
"Pois agora não terás direito de escolha: serás minha mulher e pronto!" - falou ofendido e saltando para agarrá-la.
Siringe desviou-se rapidamente, gritou e fugiu apavorada pela floresta.
Pã a perseguia sem descanso, porém Siringe era muito rápida e sumia de repente. As árvores, que tinham grande carinho por Pan, é que lhe indicavam o caminho a seguir.
Siringe correu e correu, escondendo-se aqui e ali, mas tudo inútil. Atravessou a densa floresta e foi parar às margens do rio Ladão. Só então percebeu que estava sem saída. E, quase sem fôlego, pediu socorro a ele.
Ladão ficou comovido com o desespero da ninfa e transformou-a em caniços de brejo, única idéia que lhe passou pela cabeça.
Pã não se conformou com o que viu. Aproximou-se de Ladão e observou tristonho o que restara de sua amada.
"Não penses que te livrará de mim assim tão fácil!" - gritou ele, arrancando violentamente os caniços e levando-os aos lábios, imaginando beijar Siringe.
Soltou, então, um longo suspiro e, para sua surpresa, daquela planta ecoou uma harmoniosa melodia. Ele acabava de descobrir a flauta agreste.
Agora, ele também era um excelente músico. E foi graças às suas belas músicas que Pã conquistou o coração da linda ninfa Eco. Passado algum tempo, eles casaram e tiveram um filho chamado Iinix. Pã estava extasiado de tanta felicidade.
Mas eis que apareceu por aquela região o jovem Narciso. Tão belo e gracioso que todas as ninfas e moças ficaram perdidamente apaixonadas por ele, inclusive Eco.
Eco esquecera-se mesmo de tudo. Só queria saber de Narciso e nada mais lhe importava.. E, para desespero de Pã, ela confessou que descobrira o amor de sua vida.
Pã, que até então vivera seus momentos mais felizes, caiu em grande amargura. Esqueceu seus divertidos passos de dança, as piadas e histórias engraçadas e as músicas harmoniosas que tocava. Todos tentavam, de uma forma ou de outra, reanimá-lo.
Ele jogou a flauta fora e sumiu pela floresta. Dias depois, todos ouviram um grito desesperado, sem saber de onde vinha:
"Pã está morto! Pã está morto!"
Por todos os lugares, fez-se um silêncio de morte. Ninguém queria acreditar que o deus da alegria havia morrido!
Desolados, os pastores abandonaram os rebanhos, que por sua vez, berravam num doloroso lamento. No Olimpo, os deuses ficaram de luto. Nas florestas, as ninfas pararam de brincar e choravam sem consolo. As árvores e flores, lembrando que não ouviriam mais suas alegres piadas e melodias, murcharam sem vida. Uma grande nuvem negra e triste cobriu toda a Grécia. Pã tinha ido embora para sempre.
Nossa que história triste ;(
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